A campanha de 2014 já começou. Aproveitando-se da emblemática comemoração dos 10 anos de comando do governo federal petista, Aécio Neves subiu à tribuna do Senado em discurso que enumerou “13 fracassos do governo PT”.
Um ato mais simbólico do que propriamente de campanha. Enganam-se os saudosos “lacerdistas”, que acreditam que discursos de tribuna ainda reverberem na população. A distância entre a tribuna e o povo, é hoje, do mesmo tamanho que este sente à respeito do distanciamento da política dos palácios para a sua vida real.
Dessa forma, a simbologia do ato ficou restrita à tardia tentativa de posicionamento e aglutinação da oposição para o pleito de 2014. Contudo, Aécio pareceu meio tíbio, depois de dois anos como senador é que toma a palavra de oposicionista, devagar, sem empolgação.
Podemos concluir que Aécio não se sente confortável no papel de opositor. Sua trajetória política e as campanhas ao poder executivo nas quais foi cabeça de chapa, comprovam o fato. Em 1992, concorreu à prefeitura de Belo Horizonte, ficando em terceiro lugar. Em 2002, elegeu-se governador de Minas sem fazer críticas diretas ao antecessor, Itamar Franco, que havia desistido da reeleição. Reeleição esta que em 2006 foi facilmente conquistada por Aécio, ao defender suas obras na gestão.
Muito mais do que apontar problemas, o eleitor deseja ter a solução. Soluções e propostas que Aécio parece ainda não possuir. A maioria do eleitorado não sabe, nem quer saber, distinguir o que é “projeto de País” ou “projeto de Poder”. O eleitor espera respostas para o que enfrenta no seu dia-a-dia, em especial a forma com que o candidato a governante pode aumentar o seu poder de compra. É aí que reside o discurso do eleito. Bolso cheio é sinal de geladeira farta, coração agradecido e cabeça decidida. E neste quesito, hoje, o PT está muito a frente dos outros partidos, tanto em termos de ação quanto em estratégia de comunicação política.
Aécio ainda enfrentará a natural dificuldade em se fazer conhecido nos rincões do país, dada sua possível primeira candidatura presidencial, aliada a falta de um padrinho político carismático. FHC não é Lula, nem em 2002, muito menos em 2014.
Os partidos, de modo geral, perdem por não se renovar. A candidatura de Serra em 2010 impediu que Aécio tivesse se tornado, já naquela eleição, um político conhecido em todo o Brasil. Serra foi derrotado e não deixou legado. Ainda que Aécio tivesse sido o derrotado, hoje teria um elevado nível de conhecimento, e maior potencial de crescimento, não permitindo que candidaturas alternativas, como as de Marina Silva e Eduardo Campos, sequer fossem consideradas.
Aliás, aí se encontra mais um problema que Aécio deverá enfrentar. Se o atual governador de Pernambuco e a ex-Senadora pelo Acre saírem candidatos, o mineiro terá dificuldades de se posicionar. Eduardo encarna a imagem do “novo”, Marina a “diferente”, e Aécio?
O PSDB continua a cometer erros crassos, como um partido de elite que discursa isolado nas tribunas, enquanto o PT se lança à reeleição em festas com direito a slogan e tudo. Assim, com discurso pronto, comparações convenientes e estratégia traçada, Dilma continua favorita. Pelo visto, esse não será só o começo, mas “apenas um começo”.
Por Leandro Grôppo