Há pouco menos de um ano para a próxima eleição, pesquisas valem mais como tendência do que prognóstico de resultados. Seja para presidente, governador, deputado ou mesmo prefeito, neste momento, o que conta não é quem está na frente, mas sim o nível de conhecimento, grau de rejeição, imagem projetada e potencial de crescimento dos possíveis concorrentes.
Exemplos de candidatos que saíram de baixas porcentagens de intenções de voto para serem vencedores ao final da disputa são inúmeros e espalhados por todo o Brasil. Em novembro de 2009, José Serra liderava as pesquisas para a Presidência com 38%, enquanto Dilma aparecia com 17%. Em dezembro do mesmo ano, na disputa ao governo de Minas Gerais, Hélio Costa tinha 37% e Anastasia somente 13%.
Em ambos os casos, as gestões que estavam chegando ao fim eram bem avaliadas, com índices de ótimo e bom superiores a 60%. No entanto, o principal candidato da oposição liderava com sobras. Naquele momento, em Minas, a maior parte dos que avaliavam de maneira positiva a gestão de Aécio Neves, votava em Hélio Costa.
Iniciada a campanha, a cada semana que passava, Hélio perdia votos e Anastasia ganhava. Ao final, a grande maioria dos que consideravam o governo ótimo ou bom votaram em Anastasia, e o destino de Hélio Costa estava selado, sendo derrotado pela terceira vez em uma eleição ao governo do Estado. O mesmo enredo se passou no cenário federal com os personagens Lula, Dilma e Serra.
Na fase em que o eleitorado ainda não tem informações completas, e a eleição não faz parte do seu rol de preocupações, os nomes indicados em primeiro lugar são, normalmente, aqueles que as pessoas se recordam por conta de disputas anteriores, o chamado “recall“. Em âmbito municipal, Eduardo Paes saiu de 6% nas pesquisas em 2007, para se tornar prefeito do Rio de Janeiro no ano seguinte. Fato semelhante aconteceu com o “novato” Márcio Lacerda, eleito prefeito de Belo Horizonte. Em 2012, o mesmo ocorreu em diversas cidades como São Paulo, Cuiabá, Recife, Fortaleza, Palmas, dentre tantas outras.
Neste momento, o cruzamento e a análise dos dados têm preponderância sobre a simples “corrida” de “quem está na frente”. Entender os diferentes segmentos do eleitorado, seus anseios, desejos e atitudes frente aos possíveis candidatos auxiliam na adequação de imagens, identificação de prioridades, rejeições e expectativas conforme as circunstâncias apresentadas.
Na montagem de candidaturas e estratégias, o ponto de partida é secundário. O dado primordial é o potencial de chegada, ou até onde determinado candidato poderá avançar. Para tanto, o que vale é a conjuntura do momento, a aglutinação de forças e uma boa comunicação. O valor do marketing político está em proporcionar a leitura do cenário, transformando as demandas do eleitor em valor e ações do governo, ou do projeto de mandato. Pesquisas sem a devida interpretação são apenas espumas ao vento.
Por Leandro Grôppo