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O Recado que Vem das Urnas – MG

Em Minas, por imposição da direção nacional do partido, o PT compôs com o PMDB a chapa para o governo, em que Hélio Costa foi o candidato, com Patrus Ananias como vice. O apoio à sua candidatura foi uma das exigências para a adesão do PMDB  a candidata à presidência Dilma Rousseff. No fim do processo de negociação da aliança, passou de exigência a condição principal.

Contudo, a união forçada acabou, mais uma vez, se tornando um casamento de aparências. Patrus disputou as prévias do partido para candidato ao governo do estado com Fernando Pimentel, acabando vencedor, apesar de não ter conseguido viabilizar seu nome. Essa foi a primeira vez desde a fundação do PT mineiro, em 1980, que o partido não lançou candidato próprio ao Palácio da Liberdade. Este foi o custo da aliança nacional, com um aliado com muito tempo no horário da propaganda eleitoral, o que realmente importava.

A estratégia de Hélio Costa foi adotar o discurso da “continuidade aperfeiçoada”, algo parecido com a de José Serra. Contudo, sua imagem, repetida de eleições anteriores, está muito mais ligada ao passado que ao futuro. Hélio foi candidato ao governo de Minas em 1990 e 1994, perdendo ambas no segundo turno, a primeira para Hélio Garcia e a segunda após uma virada histórica de Eduardo Azeredo, em uma campanha que estava “quase ganha”. Em verdade, Hélio saiu na frente nas pesquisas mais devido à lembrança de seu nome, do que pela vinculação ao voto do eleitor. Por isso era previsível que a primeira posição nas pesquisas de intenção de voto não se sustentaria.

No front contrário, Antônio Anastasia, candidato da continuidade, começou em baixa nas pesquisas mais pelo desconhecimento de sua pessoa do que por um possível descontentamento contra o governo estadual. Tal fato se alterou assim que começou os programas de rádio e televisão. Isso por que, assim como Lula teve papel essencial de apresentador e fiador de Dilma, coube a Aécio Neves o mesmo papel quanto a Anastasia.

Aliás, em Minas o PSDB tem nome e sobrenome: Aécio Neves. Depois de conquistar a reeleição com tranqüilidade em 2006, quando foi eleito no primeiro turno, Aécio com um discurso consensual que consegue agregar eleitores de todas as alas ideológicas, voltou a mostrar força este ano. Tanto na disputa pelas cadeiras do Senado, quanto pelo governo do Estado, ele alcançou facilmente a vitória, aliado à contribuição dos adversários, PMDB e PT, que por conta da união forçada, relegou lideranças com maiores chances de vitória a segundo plano. Para se ter idéia, em todo o estado, Pimentel, candidato derrotado ao Senado pelo PT, obteve mais votos do que o peemedebista Hélio Costa que concorria ao governo. Sobrou desavenças, acordos e uniões que deverão ser tratadas “mineiramente” até 2012.

Por Leandro Grôppo

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