Artigos

O discurso da oposição

A experiência democrática mostra que a tarefa da oposição é árdua, mas não complexa. Trata-se de compreender os desejos do eleitor, manter a coerência de sua mensagem e aguardar os erros da coalizão no poder. Que, em algum momento, acabam por ocorrer.

Neste contexto os equívocos cometidos pela oposição ao governo federal nos últimos nove anos servem de exemplo para as “oposições” Brasil a fora, extraindo lições dos eventos do cenário nacional para as realidades específicas dos estados e municípios brasileiros.

Não basta a oposição apontar os erros da situação. É certo exigir transparência e qualidade dos serviços da administração pública. Mas o ganho político de quem critica dependerá de a opinião pública e o eleitorado acreditarem que os críticos fariam melhor caso estivessem sentados na cadeira. Portanto, dizer o que faria de diferente caso fosse encarregada de lidar com os problemas, na política, na economia ou em qualquer outra área, é o que importa para o eleitor.

Por outro lado, a ausência deste, leva ao distanciamento da oposição de seus eleitores. É razoável que o eleitor considere que não sabe governar quem não tem discurso para se opor. Só há oposição quando há alternativa.

É assim que ela se credencia para a alternância no poder, como se credenciou o PT após quatro eleições presidenciais desde 1989. Contudo, a atual sociedade brasileira – moderna, urbana e complexa – não se ajusta mais ao antigo discurso do “tá tudo errado!”, muito utilizado pelo PT nos anos de oposição. Hoje, com o amadurecimento do sistema democrático, as tarefas da oposição passam claramente pela compreensão dos anseios da população.

Seja por qual partido for, a presença de oposição faz parte do jogo democrático, desde que pautada pela responsabilidade e seriedade. Uma vez que nenhuma democracia pode-se dar ao luxo de prescindir de uma oposição com programa alternativo, fiscalizadora e dinâmica.

A mensagem política prescinde de relevância, advinda das necessidades conjunturais. À oposição cabe entender e atender os anseios do eleitor, respondendo por meio de propostas e ações concretas. Pois, sem o discurso adequado não se ganha eleição.

Por Leandro Grôppo

COMPARTILHE
WhatsApp
Telegram
Twitter
Facebook
LinkedIn
Email