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A hora e vez dos empresários

Eleição é guerra de percepções. A maioria do eleitorado não acompanha todos os atos de uma campanha, nem estuda o histórico dos candidatos ou analisa a fundo suas propostas. A decisão do voto é embasada por fragmentos de informações dispersas, colhidas em diversas fontes e, portanto, fruto de percepção. Quer dizer que o eleitor pode ser facilmente enganado? Pelo contrário. O voto é embasado em percepções justamente por que as pessoas não perdem tempo com quem não corresponda à sua demanda e, com isso, a primeira seleção é por quem não votar, facilitando então a escolha entre os candidatos restantes. Ocorre que a relação oferta e demanda nem sempre é satisfeita e, muitas vezes, a opção acaba no “menos pior”, o que também é feito por meio da percepção.

Por esse motivo que a imagem, composta por aspectos da vida do candidato, em especial sua formação e narrativa, é fundamental entre os fatores estratégicos de campanha. Conforme a demanda da conjuntura, a imagem tem o potencial de significar a futura eleição. Por exemplo, quando os governos e prefeituras do país ainda tinham alta capacidade de investimento, o candidato “tocador de obras” foi bastante valorizado pelo eleitorado. No mesmo sentido, quando a saúde se transformou no maior problema da maioria dos estados e municípios, os profissionais da área se tornaram constantes no panorama eleitoral.

Com o passar dos anos, porém, novas necessidades se colocaram no cenário brasileiro. A falta de resultados, ou sua inconstância, gerou desencantamento com o “engenheiro das grandes obras”, bem como com o “médico que resolveria os problemas da saúde”, por exemplo. Em meio a escassez de recursos e, por vezes, descontrole das contas públicas, o candidato “administrador”, por outro lado, passou a ser requisitado, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.

O sentimento, alimentado ainda mais pelos freqüentes escândalos políticos, faz com que a demanda eleitoral venha sendo cada vez maior por candidatos de fora do sistema político tradicional. Essa conjuntura se manifestou claramente a partir de 2016, com a vitória daqueles que melhor correspondiam à imagem do “bom gestor” em várias partes do país.

Neste cenário, parte do setor privado tem entendido que ao deixar a política para os “políticos de carreira”, acabaram sustentando máquinas públicas ineficientes, crises e imposição de tributos, prejudicando o ambiente de negócios, a geração de renda e o próprio financiamento da administração. Para resolver, muitos estão buscando a forma direta, concorrendo aos cargos executivos.

A oportunidade que se apresenta pela ótica da demanda, logo, deve corresponder a oferta. Empreendedores com histórico de sucesso, que dediquem tempo à causa pública terão, dessa forma, a narrativa idealmente adequada e o primeiro passo para vencer as próximas eleições, em especial nos maiores centros. O caminho está aberto.

Por Leandro Grôppo

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