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Ganha quem erra menos

Em eleição a afirmação de que ‘ganha quem erra menos’ é verdadeira. A validade é ainda maior para quem está na oposição, que tem que ser cirúrgico em suas ações. Em 2014, após uma campanha de muitas idas e vindas, e apesar da conjuntura favorável, alguns erros podem ser apontados primordiais para a derrota do candidato Aécio Neves (PSDB) nas urnas.

1. Derrota em Minas nos dois turnos

A derrota em Minas Gerais no 1º turno foi um dos motes para a desconstrução do candidato Aécio como bom administrador. A pergunta recorrente era: “se ele é bom, como não ganhou em Minas”? Fato ainda mais marcante pela também derrota do seu candidato ao governo no 1º turno, para um petista.

2. O fator Armínio Fraga

O anúncio precoce da intenção de nomear o economista Armínio Fraga como ministro da Fazendo foi o verdadeiro tiro no pé. Não podia ser melhor para o PT. Armínio é um legítimo representante dos tempos de FHC. O PT explorou bem isso. Além do mais, as posições polêmicas do economista prejudicaram o tucano.

3. O Aeroporto de Cláudio

Não resta dúvidas do estrago do caso do aeroporto na imagem do candidato Aécio, que teve que tentar explicar o inexplicável durante toda a campanha, fazendo com que o seu discurso principal (os casos de corrupção do PT) perdesse força com o episódio.

4. A falta de palanques competitivos no Nordeste

Grande erro tático de Aécio nesta eleição foi não montar palanques fortes na região Nordeste. Talvez por esperar que o candidato Eduardo Campos (PSB) fosse “neutralizar” a força do PT na região. Ainda assim, Aécio não poderia depender de terceiros. No final das contas, a região deu uma grande vitória a Dilma e isso também fez a diferença. Mesmo na Paraíba onde o PSDB teve um candidato competitivo no 2º turno (o Senador Cássio Cunha Lima), Aécio teve apenas 35,74% dos votos.

5. O comportamento nos debates

Aécio sempre parecia mais seguro e preparado nos debates. Tanto que as pesquisas captaram isso. Porém, muitas vezes exagerou na dose, como quando chamou a presidente de leviana, além do tom debochado e do sorriso extremante irônico. A atitude festejada pelos seus próprios eleitores acabou por render menos votos, especialmente do eleitorado feminino. Nem precisava fazer isso, Dilma geralmente estava nervosa, gaguejava e tinha dificuldades em formular ideias.

6. A falta de posicionamento

Aécio começou a campanha sem posicionamento claro. O slogan surgiu já no decorrer da campanha “A força que o Brasil precisa”. Só que quando este estava pegando, mudaram para “Agora é Aécio”, que não diz nada. O ideal é que tivesse insistido na mensagem anterior por meio de propostas concretas. Numa campanha ou você mostra o que fez e pede a oportunidade para continuar fazendo (candidato de continuidade, Dilma) ou desenvolve a esperança de dias melhores (candidato de oposição, Aécio). A maioria dos eleitores não lembra sequer de uma proposta marcante de Aécio ao longo de toda a campanha. A “proposta” mais clara era o anti-petismo, pouco para quem quer ser presidente de um país.

Com tantos erros, Aécio foi até longe. Mas eleição se ganha nos detalhes, e o PSDB se perdeu nos velhos erros de sempre e mais alguns.

 Por Leurinbergue Lima

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