Faltando um ano para o próximo período eleitoral, é possível traçar, desde já, considerações conjunturais que serão importantes na avaliação de cenário para as disputas municipais de 2016.
Teremos mais uma eleição em que o momento privilegiará a mudança. Ao contrário dos prefeitos eleitos em 2004 e 2008, que surfaram na onda do forte crescimento econômico e conseqüente facilidade na conquista de recursos, a atual crise atinge diretamente o caixa das administrações. Isso fez com que muitos dos eleitos em 2012 tenham enfrentado enormes dificuldades para concretizar os planos de governo apresentados à população na última campanha, gerando frustração no eleitorado, que refletirá nas urnas favorecendo candidatos de oposição.
Com os constantes escândalos noticiados nacionalmente, aliado ao atual descrédito da classe política, o eleitor tende a ser mais crítico e cético, buscando um candidato diferente do “político tradicional”. O perfil gerencial e realizador, mais técnico do que político, traduzido em uma candidatura nova e um candidato novo, sem histórico de ligações às velhas práticas, sairá na frente dos adversários.
O “novo”, neste caso, vai muito além da idade. O que conta são as atitudes, a forma de apresentação ao eleitorado, a mentalidade diferenciada no modo de ser e fazer política. Há 60 anos, quando José Sarney se candidatou pela primeira vez a deputado no estado do Maranhão, seu tema principal já era a “mudança”. Uma bandeira repetidamente utilizada desde então. Não se trata, portanto, de uma convergência populista ou somente no discurso, mas que represente modernidade, identificação com os anseios do eleitorado, conhecimento dos problemas e apresentação de soluções reais. O eleitor almeja fazer parte desse processo, quer ser ouvido. Uma equação que não é solucionada por meio de um simples slogan.
Frente à dificuldade orçamentária inerente e persistente na gestão pública, a bagagem profissional e o conhecimento administrativo do candidato passam a ser importantes características diferenciais. Neste contexto, brigas entre situação e oposição, confrontando atuais e ex-gestores, podem se tornar campo fértil para o surgimento de uma terceira força com narrativa que melhor atenda a demanda.
É evidente que cada disputa é única e diferente. Porém, quatro fatores são fundamentais para uma campanha ser vitoriosa. Primeiro, deve-se ter um bom candidato, com boas propostas. Segundo, é preciso ter um campo político forte, com apoiadores que aglutinem a capacidade de reverberar o potencial da candidatura. Terceiro, a campanha deve ter uma comunicação eficiente e estratégica, planejada para entender e atender as aspirações do eleitorado. Por último, é essencial estar afinado com a conjuntura, ou seja, representar o que a maioria deseja no momento histórico da disputa. É possível vencer com apenas dois ou três desses quatro fatores, mas não se ganha jamais com um ou nenhum deles.
A opinião formada na sociedade brasileira demonstra o necessário debate em torno da oxigenação da vida pública no país, refletida em uma concepção diferenciada da atividade política. É o que o eleitor espera, é o que vem por aí.
Por Leandro Grôppo