Desde quando o homem começou a se organizar para dar os primeiros passos na democracia, política e comunicação estiveram juntas. É uma relação direta e necessária: a política não existe sem a comunicação. Segundo o dicionário, política é a ciência do governo dos povos. E como governar um povo sem se comunicar com ele? Impossível.
A comunicação política é essencial para uma democracia saudável. E não se trata apenas de campanhas eleitorais, mas principalmente da comunicação que órgãos e políticos fazem durante uma gestão ou mandato. Os governados precisam saber de forma clara e constante o quê seus governantes estão fazendo. A população precisa, e deve, saber para onde está indo o dinheiro de seus impostos, assim como quais leis estão sendo aprovadas, as ações que estão sendo planejadas e como podem impactar sua vida, com os benefícios ou prejuízos ao seu cotidiano. Tanto prefeitos, quanto vereadores, deputados, governadores, senadores e presidente precisam mostrar o que fazem e informar os cidadãos.
A chave dessa comunicação se divide em dois problemas principais. Primeiro, a dificuldade que agentes políticos têm de serem claros na mensagem que querem passar. Segundo, na rejeição que a população tem pela política e de tudo que vem dela. Ou seja, muitas vezes, temos políticos falando uma linguagem distante das pessoas, enquanto estas nem se interessam pelo que dizem os políticos. Um círculo vicioso e prejudicial.
E quando falamos em “comunicação”, “linguagem” e “mensagem” não referimos apenas a discursos, mas sim todas as formas que um agente ou órgão tem para se comunicar. Informativos, artigos, redes sociais, sites, entrevistas, entre outros. Frequentemente vemos políticos utilizando uma linguagem formal e abstrata com termos técnicos e burocráticos, tais como “ofício”, “protocolo”, “requerimento”, “decreto”. Palavras que soam como ruído, mais parecem palavrões, para o cidadão comum.
O brasileiro vê a política como problema, não como solução. Também por isso a comunicação política tem que ser simples, direta e compreensível para o “Seu Zé” e para a “Dona Maria”. Deve tocar no interesse do público, falar sobre os benefícios que as ações trarão para a sociedade. De nada adianta noticiar uma obra ou um projeto se o cidadão não se vê beneficiado. Por outro lado, uma obra que visa “agilizar o trânsito da cidade para os motoristas” será notada. Um projeto de lei que busca “facilitar a abertura de novas empresas, gerando emprego e renda” também é uma ação positiva e perceptível na realidade social.
É fundamental que a comunicação seja feita de forma correta e profissional, dizendo claramente o impacto das ações políticas no cotidiano, na cidade e na vida das pessoas. Logo, não há lugar para amadores. Caso contrário, torna-se apenas ruído, desperdiça oportunidades, perde o sentido e o efeito.
Por Emílio de Sá e Leandro Grôppo