Artigos

A importância da pré-campanha

Eleição é época de colher o que foi antes plantado. Esta frase tornou-se ainda mais verdadeira este ano, com a redução do período de campanha eleitoral. Se em três meses já era muito difícil atingir a todos os eleitores, em quarenta e cinco dias, como será a partir de 2016, isto se tornará impensável.

A redução do período de campanha também fará com que a possibilidade de alteração de grandes diferenças de intenção de voto seja praticamente impossível de ser revertida apenas no momento eleitoral. Será, ainda, impraticável a até então bastante usual estratégia publicitária da “bala de prata da televisão”, utilizada como prioritária para contornar rejeições e melhorar a avaliação de governos. A prática era garantida através de um grande espaço no horário de propaganda eleitoral por meio da união do maior número possível de partidos em uma coligação. Acabou. Resultado disso é que a campanha se tornará muito mais comunicação e menos publicidade, onde qualquer pequeno erro poderá ter grandes conseqüências.

E para as novas lideranças, tão desejadas pelo eleitorado, mas que não têm a disponibilidade de espaços na mídia e meios de divulgar suas ações, a eleição será ainda mais difícil, pelo simples motivo de que o eleitor não vota em quem não conhece. Assim, o tempo anterior à campanha eleitoral será fator fundamental para a vitória nas urnas.

Adaptar-se à nova realidade se torna obrigação para aqueles que almejam entrar com chances reais na disputa. Nesta conjuntura, para cada um real, ou minuto, investido na pré-campanha, pelo menos cinco serão economizados no período eleitoral. Isto por dois motivos. O primeiro que os custos dos gastos comuns em campanha são normalmente onerados por conta do aumento da quantidade demandada de última hora, que será ainda maior com o encurtamento da campanha. O segundo fator é que, por serem poucos os que utilizam com eficiência o tempo de pré-campanha, a comunicação tende a ser quase exclusiva, não competindo a atenção do eleitor entre os demais candidatos nos diversos meios utilizados na época eleitoral.

É normal que em tempos de alta rejeição ao sistema político, tudo o que é contrário aos interesses de quem faça parte dele seja comemorado. Pensar então em ter menos tempo de propaganda nas ruas, no rádio e na televisão pode, a princípio, parecer o melhor a se fazer. Mas não é. Por diversas razões, sendo a principal delas que fora da política não há solução. É por meio da política que, por exemplo, a economia do país é conduzida, que a educação estadual é executada e que o trânsito local é planejado. Reduzir o único período no qual os projetos dos futuros gestores públicos podem ser amplamente apresentados e debatidos não é, portanto, solução para melhorar a qualidade do sistema ou de quem faz parte dele.

Cabe aos candidatos ultrapassar a barreira da aversão à política e, mais do que nunca, iniciar o trabalho bem antes do período de campanha legal. Com ações planejadas que possibilitem a divulgação do seu nome, mas que vá além, gerando identificação com as idéias que defende e conexão com seu eleitorado. O que fará a diferença na próxima eleição é o entendimento de que o tempo perdido é irrecuperável e que nada será como antes. E você, vai começar quando?

Por Leandro Grôppo

COMPARTILHE
WhatsApp
Telegram
Twitter
Facebook
LinkedIn
Email
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.