Na mídia

A conjuntura eleitoral

Jornal Correio de Uberlândia – 05/04/2012

A prática de eleições fornece algumas leis fundamentais. A primeira delas é a de que não existe campanha vitoriosa sem discurso definido – uma bandeira, tema ou foco principal -, em concordância com o que espera o eleitor. Os resultados do histórico das eleições presidenciais mais que comprovaram essa afirmativa.

Em 1989, após longo período sem eleições presidenciais, tanto Collor quanto Lula representavam o discurso, cada um a seu jeito, daquilo que o povo almejava, algo novo na política nacional. Em 1994, embalado pela desejada estabilidade econômica advinda do Plano Real, Fernando Henrique elegeu-se facilmente no primeiro turno e prometendo a continuidade do processo, reelegeu-se em 1998.

Em 2002, diante das crises fiscais e cambiais que atingiam o país, Lula, vindo de três derrotas consecutivas, era quem melhor representava o discurso da “mudança”. Em 2006, apesar da crise moral que afetava seu governo, conseguiu a reeleição baseado no discurso da continuidade das alterações sociais que colocava em prática. Continuidade que, em 2010, foi representada pelo discurso da vencedora candidatura de Dilma, uma “outsider” que até então nunca havia disputado qualquer cargo eletivo, mas que naquele momento apresentava o que a maioria do eleitorado desejava.

Uma eleição, em qualquer esfera ou local, depende de um bom discurso (relevância) e de uma boa estratégia (oportunidade), que passam claramente pela compreensão dos anseios da população. Esses são os preceitos do marketing político-eleitoral, entender o desejo majoritário do eleitorado, respondendo a eles com a candidatura que melhor se adeque à conjuntura.

Esta máxima faz entender por que muitas vezes bons candidatos não conseguem se eleger, mesmo tendo reconhecimento e trabalho para tanto. Por vezes, também, ouvimos que “Fulano foi um azarão, ao sair de 2% para ganhar a eleição”. Fatos que se explicam pela conjuntura eleitoral e pelo entendimento daquilo que o eleitor deseja no momento.
Permanecendo nos exemplos presidenciais, não adiantou em 1989 ao Ulysses Guimarães ou ao Aureliano Chaves demonstrarem toda sua experiência e capacidade política, representando o “antigo”, quando o eleitorado queria o “moderno”. Em 1994 e 1998, ainda que Lula saísse muito à frente nas intenções de voto iniciais, não surtiu efeito esbravejar contra um governo relativamente bem avaliado que trazia aquilo que o povo mais queria para o momento, o fim da inflação.

Em 2002, pelo contrário, Serra era a continuidade, enquanto o povo desejava a mudança. Em 2006, Alckmin era a mudança, quando o povo queria a continuidade. Já em 2010, em uma campanha desnorteada estrategicamente, Serra representou uma “mudança continuada”, que a sociedade, em verdade, não entendeu e o descartou tão logo alçado ao segundo turno.

Portanto, o fator conjuntural é o principal elemento de uma eleição, seja ela nacional, estadual ou municipal. O marketing político depende do meio ambiente em que atua, uma vez que eleitores e candidatos estão dentro de uma dada conjuntura. Sem a compreensão desta, não há estratégia vencedora. Candidato “imposto” ou sem discurso adequado não ganha eleição.

Leandro Grôppo

Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/pontodevista/2012/04/05/a-conjuntura-eleitoral/

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