Artigos

A campanha proporcional

O candidato proporcional, como o próprio nome diz, representa uma parcela do eleitorado. Ao contrário dos cargos executivos, em que o vencedor é quem obtiver maior votação absoluta, os eleitos a cargos legislativos assim o são por meio de uma porção de votos em número suficiente para serem vencedores. Entram aí os quocientes eleitoral e partidário, pouco entendidos pela maioria, mas fundamental no planejamento dos candidatos.

Para tanto, ter conhecimento das necessidades da parcela pela qual uma candidatura se propõem a representar é essencial para ser vitoriosa. Com o posicionamento adequado, maximiza forças, ganha-se eficiência e reduz custos. A vantagem está em reconhecer e saber aproveitar as diferenças.

A experiência profissional no marketing político demonstra que existem, basicamente, dois perfis entre os candidatos. O primeiro vê no eleitor a razão de sua candidatura, transformando a atuação e discurso no atendimento às demandas sociais. O segundo é aquele que acredita ser sua candidatura a melhor para os eleitores, independente do que esses anseiam da representação política em disputa.

O segundo tipo, que acredita ser solução sem nem conhecer o problema, é quem mais perde. Ao ignorar que sua candidatura representa – ou deveria – apenas uma parte do eleitorado, muitos fazem campanha para deputado, ou vereador, como se concorressem ao governo. Com mensagens difusas, ou mesmo sem qualquer proposta, não focam o essencial: seu eleitorado potencial. Acabam por despender esforços para abranger territórios sem entender que sua proporção, caso bem trabalhada, se resumiria a poucos temas e distâncias geográficas.

O fato não é exclusivo de neófitos em política ou marinheiros de primeira viagem em eleições. Muitos parlamentares, mesmo após os anos de mandato, ainda não sabem a quem representam. Entendendo o investimento em pesquisa e a correta divulgação do trabalho como “desnecessário”, afastado e incomunicável, somente próximo à eleição se preocupa em (re)conquistar o eleitor, acabando por gastar, ao contrário do que imagina, muito mais para preservar o cargo.

Uma estratégia política é desenvolvida pela conquista, manutenção e ampliação de poder. A conquista se baseia em transformar o eleitor e suas necessidades no foco da campanha, com planos que reflitam o desejo dos eleitores. A manutenção sucede pelo atendimento às demandas e permanente comunicação. Enquanto a ampliação se torna possível para os que compreendem o cargo que ora ocupam como a melhor arma de um político e, por isso, investem no maior ativo que pode lhes possibilitar a preservação dos laços e a ampliação dos trabalhos a fim de angariar novos apoios e conquistas.

Em meio a mais um período eleitoral, uma afirmação é possível cravar: a maioria dos vencedores estão entre os do “primeiro tipo”. Sobre os do segundo, caso alcancem o objetivo, este somente ocorrerá a base de grandes somas de recursos, desgastes e dissabores, muitos deles impossíveis de serem retomados ao longo de um mandato. Afinal, proporcionalmente, os vitoriosos são a minoria.

Por Leandro Grôppo

COMPARTILHE
WhatsApp
Telegram
Twitter
Facebook
LinkedIn
Email