Jornal Correio de Uberlândia – 15/07/2012
Clara Transparente, Mara Maravilhosa, James Zero Zero Sete. Quem ouve ou lê estes nomes não os associam, no primeiro momento, à campanha eleitoral, mas eles representam candidatos que disputam uma das 27 vagas de vereador em Uberlândia. São 614 concorrentes e, para se diferenciarem neste universo, em que a concorrência chega a uma média de 22,7 candidatos por vaga, são usadas as mais diversas estratégias, entre elas, o registro de nomes inusitados e até bizarros.
Alguns nomes registrados nas urnas vêm de apelidos pelos quais a pessoa é conhecida há muitos anos. Outros associam o candidato à atividade profissional que ele exerce. Há ainda quem prefira ser lembrado em função de uma terceira pessoa, como as candidatas a uma vaga na Câmara que registraram-se como Greice Filha do Zé Coco e simplesmente Filha do Magrini.
Clara Lúcia de Andrade resolveu acrescentar um adjetivo ao nome, segundo ela, para fortalecer sua campanha. Juntou o Transparente e virou Clara Transparente “para demonstrar que tem transparência nas atitudes e por achar que os nomes ficaram harmoniosos, combinaram. Já Clébio Ricardo da Silva escolheu Bizorrinho, porque é seu apelido de infância e ninguém o conhece pelo nome.
Grecimônica Jesus Paulino é, nas urnas, Greice Filha do Zé Coco. A escolha se deu em função da fama do pai e o apelido se fixou há muito tempo no nome dela, assim como de seus irmãos. “Foi um nome que passou de pai para filha. Topos os filhos levam o apelido do pai. Não justificaria criar outro nome.”
Em outras cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a situação não é diferente. Os eleitores têm, entre os candidatos, nomes engraçados como o Kid Mosquito, em Patos de Minas, e o Bingola, em Monte Alegre de Minas.
Sozinho, nome não traz sucesso
Conquistar o eleitorado depende da história do candidato ou, no mínimo da persuasão que ele tiver em seus espaços para propaganda. Isoladamente, o nome registrado na urna não traz vantagem ou prejuízo, com exceção dos votos de protesto, que raras vezes leva um candidato à vitória somente por sua imagem, fala ou nome inusitado.
Para quem não se lembra, um exemplo de candidato que se tornou fenômeno de votos é o deputado federal Francisco Everardo Oliveira, o Tiririca. Além do nome, oriundo de sua atividade como palhaço, ele usou a imagem e adotou um slogam, para muitos, mais que sincero: “Vote no Tiririca, pior que tá, não fica.”
O consultor de marketing político, Leandro Groppo, explica que, no caso de Tiririca, ele já era uma figura conhecida. “Eleição é época de colheita e não de plantio. É a hora de o candidato colher o que ele já havia plantado antes, ou o que ele já vem fazendo”, afirmou.
Segundo Leandro Groppo, quem usa nome pitoresco é mesmo para se diferenciar. Mas alguns candidatos não estão preocupados em vencer a eleição. Na verdade, segundo o consultor, parte dos concorrentes entra na disputa pela notoriedade e para aparecer na televisão, ocupando um espaço disponibilizado pelas legendas e, assim, se tornarem conhecidos. “Já tivemos caso de cantor de dupla que dizia ser ‘o fulano da dupla tal’, que não estava preocupado com a eleição e, sim, em divulgar a dupla dele.”
Fonte:http://www.correiodeuberlandia.com.br/eleicoes2012/candidatos-usam-nomes-bizarros-nas-urnas/