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Eleição não é caixinha de surpresas

Em eleição não existe surpresas, existem surpreendidos. É através das pesquisas que compreendemos as preferências dos eleitores, dado essencial para o planejamento de uma campanha, a estruturação da comunicação e a formulação das propostas. Conhecendo profundamente o eleitorado, suas demandas, anseios e percepções permite traçar estratégias de imagem, detectar prioridades, decepções e expectativas conforme a conjuntura social. Da sua leitura é possível, inclusive, identificar onde deve ser investido tempo e recurso do candidato, fazendo com que tenha maior eficiência e menor gasto.

Contudo, ainda há quem se interesse somente pelas intenções de voto e ponto final. Pesquisas que medem em quem o eleitor votaria naquele determinado momento, ou quando muito vão até a rejeição dos candidatos, não geram informação relevante para a montagem de uma estratégia de campanha. Esses dados devem ser analisados em conjunto com diversos outros como o nível de conhecimento, imagem projetada, e principalmente, o potencial de crescimento.

Erro comum onde, por exemplo, um grupo tem de optar entre possíveis nomes a concorrer, é usual ouvir que “quem estiver na frente será o escolhido”. Equívoco que custa caro, pois de início, o ponto de partida é secundário. O dado primordial é o potencial de chegada, até onde o candidato pode alcançar.

Exemplos que comprovam são inúmeros e espalhados por todo o Brasil. Do último e mais marcante, se visto apenas pela intenção de voto no início de 2018, Romeu Zema não teria se tornado governador de Minas Gerais. Em 2016, a eleição de João Dória prefeito de São Paulo e Alexandre Kalil em Belo Horizonte, são provas que confirmam a regra.

Campanhas que não possuem um diagnóstico profundo e preciso, já saem perdendo por não compreender o que o eleitorado espera da candidatura e deseja para a cidade. Da mesma forma, quando o ponto de partida se torna preponderante sobre o potencial de chegada, incorrem na falha de analisar o passado para decifrar o futuro, criando expectativas ilusórias que na maioria das vezes não se confirmam. Erros crassos, mas ainda muito cometidos.

A tarefa de investigar os desejos do eleitor e entender seus anseios não é trivial e, por isso, não deve ser entregue a amadores. A análise dos resultados de uma pesquisa bem elaborada revela muito mais que os dados tabulados. É possível reduzir incertezas ao apresentar o exame exato do potencial das candidaturas, a narrativa da campanha, elementos de discurso, posicionamento ideal e qual a melhor estratégia a ser utilizada para conquistar a vitória. No final, não existirão surpresas, apenas os surpreendidos.

Por Leandro Grôppo

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