Artigos

As chances de Pimentel

Chamou a atenção, recentemente, a notícia de que circulou no governo estadual mineiro o resultado de pesquisas internas que apontavam a gestão Pimentel com pouco mais de vinte pontos percentuais de avaliação positiva. Segundo consta, apesar dos percalços administrativos, em especial quanto ao desgaste dos atrasos de salários do funcionalismo e dos repasses às prefeituras, são dados como trunfos da campanha à reeleição o controle da máquina política do Palácio da Liberdade, chamado de PPL, assim como o apoio do ex-presidente Lula.

Basta voltarmos ao cenário de 2014, quando Pimentel foi eleito, para observar que o atual momento é péssimo para suas pretensões à reeleição. No início daquele ano, o então governador Anastasia tinha 49% de aprovação e 16% de reprovação, segundo pesquisa Ibope. Seu partido, o PSDB, governava Minas Gerais desde 2003 e tinha, àquela altura, o maior número de prefeituras no Estado sob sua gestão. Somados os 14 partidos que compuseram a coligação do candidato governista, Pimenta da Veiga, o número de prefeitos representava mais de 60% dos municípios mineiros. Uma formidável “máquina eleitoral” que, no entanto, não resultou na vitória de seu candidato ao governo do Estado.

Anos antes, quando Lula ainda era presidente e surfava em índices recordes de aprovação, seus candidatos ao governo de Minas em 2006 e 2010, perderam no primeiro turno. Comprovando que o apoio político vale muito menos que a conjuntura, a necessidade de resolução dos problemas locais e, em especial, à imagem demandada pelo eleitorado no determinado momento. Dito isso, é possível afirmar que a remota viabilidade de reeleição do governador Pimentel está na carência de novas lideranças no Estado que, em conjunto com as regras eleitorais que praticamente inviabilizam nomes novos, pode lhe dar sobrevida caso enfrente nas urnas candidatos com ainda menor apoio e maior rejeição.

É evidente que o cenário é dinâmico e que cada disputa é única e diferente das demais. Porém, importa destacar que quatro fatores são fundamentais para uma campanha ser vitoriosa. Primeiro, deve-se ter um bom candidato, com as propostas adequadas. Segundo, é preciso ter um campo político forte e com capacidade de reverberar a candidatura. Terceiro, a campanha deve ter uma comunicação eficiente e estratégica,  planejada para entender e atender as aspirações do eleitorado. Por último, é essencial estar afinado com a conjuntura, ou seja, representar o que a maioria deseja diante do momento histórico. É possível vencer com apenas dois ou três dos fatores, mas não se ganha jamais com um ou nenhum deles.

Se não conseguir descarregar verbas nos municípios até a eleição, Pimentel poderá ter somente um fator a seu favor, o da comunicação, a depender de suas escolhas. Dos adversários, àquele que significar “mudança”, bastará assumir mais um dos outros fatores para sair à frente do atual governador.

Por Leandro Grôppo

COMPARTILHE
WhatsApp
Telegram
Twitter
Facebook
LinkedIn
Email