O ano eleitoral de 2014, quando o “velho” discurso do “novo” foi mais uma vez vencedor, deu contornos a uma disputa política que parece interminável. Os escândalos em série, as delações dos envolvidos, além das costumeiras más notícias de início de governos, incorrem no sentimento de desapontamento por grande parte da população, refletindo na avaliação das administrações.
Os novos governantes, assim como os reeleitos, iniciam em 2015 um ciclo administrativo sob o peso de imensas dificuldades financeiras. O cenário de crise nos Estados e no Governo Federal deverá ser enfrentado com forte corte de gastos e baixo investimento. Lutarão para cumprir as obrigações administrativas, com reduzida perspectiva de resultados que possam chamar a atenção no curto prazo. Tomando decisões amargas, como antecipações e o aumento de tarifas e impostos, baseados no cálculo de segurar nos primeiros anos para colher resultados até 2018.
Alvos da política econômica do “novo” governo Dilma, o déficit fiscal, assim como o déficit externo e o binômio inflação-juros serão controlados com a velha “ortodoxia tucana”. Manter a inflação no topo da meta ajuda o governo a sustentar as receitas automaticamente corrigidas, auxiliando a redução do déficit fiscal. Enquanto isso, a taxa básica de juros deverá permanecer em elevação para continuar atraindo capitais de modo a conter o avanço do déficit externo, que por sua vez estimula o câmbio alto, afetando o consumo das famílias e o índice de reajuste dos aluguéis.
Como reflexo, as classes média e baixa começam a sentir o bolso mais vazio, em um processo cumulativo onde empresas e pessoas passam a reduzir gastos. Com preços crescendo mais do que os salários, aumenta a inadimplência e avança o desemprego, que recai na aceitação de novos postos com salários menores. A queda na atividade econômica tem conseqüências diretas no orçamento das cidades, arena das próximas batalhas eleitorais.
Pior para os Prefeitos, a parte mais fraca do elo administrativo nacional. Passada a onda de crescimento econômico dos governos Lula, aqueles que assumiram em 2013, com poucos recursos e folhas de pagamento inchadas, têm escassas alternativas enquanto esperam uma reforma tributária que beneficie os municípios, mas que nunca saiu do papel.
Neste cenário de vacas magras, estratégia e planejamento são fundamentais. Gestores municipais que não tiverem feito o dever de casa até então, com ações, obras e boa comunicação, terão muitas dificuldades frente a conjuntura de mudança que deverá permanecer em 2016. Um panorama desfavorável para os que nos dois primeiros anos de administração não tenham colocado em prática, ao menos, parte do prometido em campanha. Por outro lado, favorecendo às oposições, caso consigam captar o desejo do eleitorado e estejam afinadas ao discurso ideal. O jogo começou, ou melhor, nunca parou.
Por Leandro Grôppo